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Affichage des articles du janvier, 2010

A dança da psiquê - Augusto dos Anjos

A dança dos encéfalos acesos Começa. A carne é fogo. A alma arde. A espaços As cabeças, as mãos, os pés e os braços Tombam, cedendo à ação de ignotos pesos! E então que a vaga dos instintos presos - Mãe de esterilidades e cansaços - Atira os pensamentos mais devassos Contra os ossos cranianos indefesos Subitamente a cerebral coréia Pára. O cosmos sintético da Idéia Surge. Emoções extraordinárias sinto... Arranco do meu crânio as nebulosas E acho um feixe de forças prodigiosas Sustentando dois monstros: a alma e o instinto!

Vítima do Dualismo - Augusto dos Anjos

Se miserável dentre os miseráveis Carrego em minhas células sombrias Antagonismos irreconciliáveis E as mais opostas idiossincrasias! Muito mais cedo do que o imagináveis Eis-vos, minha alma, enfim, dada às bravias Cóleras dos dualismos implacáveis E à gula negra das antinomias! Psique biforme, o Céu e o Inferno absorvo... Criação a um tempo escura e cor-de-rosa, Feita dos mais variáveis elementos, Ceva-se em minha carne, como um corvo, A simultaneidade ultra-monstruosa De todos os contrastes famulentos!