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Affichage des articles du novembre, 2009

Fragmento d’água viva – Clarice Lispector

‘...Mas, eternamente é palavra muito dura : tem um « t » granítico no meio. Eternidade: pois tudo o que é nunca começou. Minha pequena cabeça tão limitada estala ao pensar em alguma coisa que não começa e não termina ― porque assim é o eterno. Felizmente esse sentimento dura pouco porque eu não agüento que demore e se permanecesse levaria ao desvario. Mas a cabeça também estala ao imaginar o contrário: alguma coisa que tivesse começado ― pois onde começaria? E que terminasse ― mas o que viria depois de terminar? Como vês, é-me impossível aprofundar e apossar-me da vida, ela é aérea, é o meu leve hálito. Mas bem sei o que quero aqui: quero o inconcluso. Quero a profunda desordem orgânica que no entanto dá a pressentir uma ordem subjacente. A grande potência da potencialidade. Estas minhas frases balbuciadas são feitas na hora mesma em que estão sendo escritas e crepitam de tão novas e ainda verdes. Elas são o já.’

i-ria

Às vezes quero tanto, quero tudo... algumas vezes nem quero assim... em outras, não quero nada do mundo, nem de ninguém, nem de mim... simples assim! Não quero, não vou, não me chamo, não me ligo, se pudesse nem me via, passaria por mim e cumprimentaria daquela forma que muitos fazem na presença de um elevador, aquela coisa sem som de palavras, só um ‘hrum’! Seria grotesco de minha parte, mas num dia assim, até entenderia, porque não queria mesmo. E seguiria, desviando dos outros e de mim, ficaria inerte no meu turbulento mundo interior, disfarçaria para não me reconhecer, ficaria na companhia de livros, pensando no mundo além de mim e ouviria música para sentir o mundo através de mim. Assim, descansaria do peso de mim. por Tatiares

Luá

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Lua deserta, solitária pedra lapidada dependurada a girar alucinada pendula aterrada. Figurante reluzente surgida pós poente remanescente: sobrevivente! Deserto do pó ao universo dará em órbita constante seguirá eternamente só estará. por Tatiares