Duelo doce-amargo


O vento quente que sopra já não mais aquece o sonhar daquele que um dia se viu livre e acreditou que poderia criar o que viria ser.

Agora, tendo a mente inquieta e os sentimentos apertados, o sonhador se vê à beira de querer o não-querer, sem querer; mas por duvidar da própria capacidade de resistência, pois até o querer está submetido a restrições.

A brisa leve que rondava o livre se confronta com dúvidas martelo, a mente já não se impõe como de costume e a alma segue o sentir de uma tragédia, no seu sentido dolorido.

Estabelece-se o duelo entre a descrença e a fé, ambas assombram o livre, aproveitando de sua tendência cética, aquela de se entregar a armadura antes que tenha que defender-se de seu próprio desejo velado, doce-amargo, querer-descrer.

O livre se vê como a própria conseqüência do movimento aleatório do ar que impulsiona um balão desgovernado na imensidão azul.
por Tatiares

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