moça-velha

O Eu de uma moça olha atento uma velha do outro lado da rua. A velha já meio bangela espreitava, solitária, o movimento da ruela: cachorros, motos, pombos e gazelas.

A moça, ainda não bangela, ainda não solitária, mas já meio velha, contemplava o céu de uma noite amarela e luar novo, nuvens lacrimosas e estrelas velhas. Um armazém à esquina delas, vendia coisas novas e velhas, reunia, no fim da tarde, pessoas novas e velhas com sorrisos de sem graça, de sem jeito, de fato, conversas amarelas.

Talvez a velha já não percebesse mais o tom amarelado dos sorrisos e gestos, ou melhor, já não lhe interessava mais se eram novas ou velhas, as palavras delas, no fundo, só lhe importava as sensações encontradas em cada olhar. Foi assim que o Eu da moça viu uma moça-velha.
por Tatiares

Commentaires

  1. Muito bom, Tati! São encontros e desencontros de caminhos que se cruzam naquele dado instante.

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  2. Oii Ana, obrigada por acompanhar meus escritos aqui no blog, meus devaneios... hhaha me motiva muito o interesse de pessoas que prezo tanto!

    bjo, amiga!

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  3. O olhar...às vezes procuro num olhar as respostas de perguntas que não fiz ou farei, pois que nem mesmo as sei...

    como talvez essa menina, essa moça...
    Adorei!!!!

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  4. Oi Gilmar, é fantástico perceber que o universo preza as vibrações que se sintonizam no pensar! Obrigada por compartilhar seus pensamentos!

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  5. Um tilintar de brilhos nos ohos que somente querem como se somente pudesse querer e talvez somente fosse assim, um ente no espelho perto de outro que nos transtorna e nos acomoda ao mesmo tempo. Obrigado por esse banho de inspiração no mar das sutilezas de brisa morna.

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