Vida por demais virtual


A luz se apaga lentamente à frente e o que está em cena é a carência revestida de supra sumo informativo... como se a vida fosse uma mistura de dizeres e ruídos e gestos para o ser ser sempre visto. Tanto se fala e se contrói pensamentos, diretrizes-visões, ideias-ideais, a vida...

A vida, aquela que acontece a todo minuto, a todo sentimento, a todo vazio, a toda falta, todos os dias e noites, todas estações partidas e chegadas... aquela que não está no reality show, não está no palco nem no twitter, nõ está no blog nem no currículo, a vida... os amores, as conversas de olhares e tatos, o frio no estômago, não porque alguém concordou ou discordou de um discurso, mas o frio causado por aquela vontade de se entregar ao outro e, por consequência, entregar-se a si, ao mais profundo de si, de nada vale os dizeres sem os sentires, de nada vale o virtual sem o real...

O real nas entrelinhas dos gestos, depois da cena, antes do discurso, de luz apagada, além do palco, de portas fechadas, no lado obscuro de cada dia, o real frente a tela ainda sem tinta, o clarão de pensamentos ansiosos de cada noite, o nu e real da vida.
por Tatiares

Commentaires

  1. Sempre penso que a vida acontece quando vivemos interiormente a verdade de sermos quem somos independente de desejos externos quaisquer que sejam. A vida virtual é a vida real... também, mas ao meu ver o calor, o erro sem edição e os rastros da vida são ainda insubstituiveis. Belo post! Bjo.

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