O caso : Drogaria-celestial-dominical
Uma esforçada quebra da inércia para uma breve espairecida, considerando a passagem em uma drogaria para a compra de vitamina C e placebos para dor de garganta, de repente se transforma em um momentâneo desespero: Pensei que poderia ser notícia do jornal municipal ao escutar um sujeito entrar na drogaria gritando “Onde é o caixa!”.
Já não bastava a minha esforçada quebra da inércia dominical, um toque inflamatório das amígdalas, associada a uma leve dificuldade de enxergar as coisas de uma forma nítida em função do excesso de luz artificial daquele lugar todo branco-celestial ― a idéia das drogarias deve ser essa mesma, mas não me agrada! Agora, ainda tinha que lidar com uma queda de pressão brusca devido ao susto do suposto noticiário local.
O susto foi suficiente para uma catatonia se apoderar de meu frágil-ser-físico-psicológico-emocional que me vi a olhar o sujeito fixamente, aguardando qualquer atitude mais que suspeita. Mas, o sujeito só queria trocar suas moedas, não! Na verdade, era uma forma intimidadora de pedir esmolas aos gritos, contando com o desespero alheio, com o terror psicológico. Uma intimidação desgovernada e desesperada do sujeito que não tinha completa noção do terror criado com o blefe contido naquela frase.
Ao ver a reação, ou melhor, a falta de reação das pessoas perante este sujeito, acredito que o próprio ficou perturbado ao se enxergar tão aterrorizante aos demais, parecia que não era essa a real intenção. Apenas parecia.
E então, voltei para minha reclusão dominical. Nada de quebra da inércia para possível espairecida. Espaireço no ostracismo.
por Tatiares
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