Possibilidades

No passar do trem, outro trem vindo.
Caminhos — trilhos de ferro, madeira e barbante pensativo,
meditava a vida figurando a paisagem.

Campos e imagens nas telas visuais em comum,
em comum havia os sons interiores e esses não existiam expressos,
guardavam segredos junto das fitas coloridas e dos papéis de carta,
ambos em processo de extinção pela modernidade da vida.

Ao passar das estações, mais cheganças e andanças,
cada um no próprio ritmo,
e nenhum no ritmo da dança das nuvens,
espetáculo a céu aberto sempre visível das janelas,
algo comum e quase nunca visto — os fenômenos.

Ao chegar, da viagem ressaltava o cansaço e o tempo perdido,
pessoas apressadas, ocupadas, mimadas no mal sentido.
O que elas almejam? o destino ao desatino,
entupir os canais perceptivos do cérebro de ruídos e comparativos,
e claro, ter o look do momento, igual da fulana da TV.

Mas, e se desligasse a TV?
E se passasse cotonetes nos ouvidos e nas conexões sinápticas?
Se escutasse mais o vento, o silêncio e o que dizem as corujas e os gatos?
E se os astronautas tivessem ido à lua,
o que nos contariam sobre o silêncio e a falta de vento?
E se...?



por Tatiares

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