Vítima do Dualismo - Augusto dos Anjos
Se miserável dentre os miseráveis Carrego em minhas células sombrias Antagonismos irreconciliáveis E as mais opostas idiossincrasias! Muito mais cedo do que o imagináveis Eis-vos, minha alma, enfim, dada às bravias Cóleras dos dualismos implacáveis E à gula negra das antinomias! Psique biforme, o Céu e o Inferno absorvo... Criação a um tempo escura e cor-de-rosa, Feita dos mais variáveis elementos, Ceva-se em minha carne, como um corvo, A simultaneidade ultra-monstruosa De todos os contrastes famulentos!
Tá tudo aí. Tudo e nada. Só um véu transparente nos impede e nos compele. Demais, gostei demais.
RépondreSupprimerTodas imagens existem. O que existe tambem é gente que não digere imagens. A população é cega porque se confude com o que gosta e fala uma terrivel frase: "Eu só gosto disso, eu só gosto de tal coisa!...". Se conhecermos todas as imagens e entendermos o que elas transmitem quem sabe existirá um mundo tão evoluido quanto o ponto de vista deste poema.
RépondreSupprimerserá que tá tudo aí, mesmo? talvez haveriam sutilezas incógnitas, improvisos de pinturas per-sentidas, mais ambíguas e escondidas que se possa re-presentar?
RépondreSupprimerquanto aos "seres exteriores de tantas interioridades", será que, como diria Pessoa, "se calhar tudo é símbolo"? - acredito que além da consciência e da ratione, há uma ilha afortunada onde as almas nos tateiam, sem-sentidos...