moça-velha
O Eu de uma moça olha atento uma velha do outro lado da rua. A velha já meio bangela espreitava, solitária, o movimento da ruela: cachorros, motos, pombos e gazelas. A moça, ainda não bangela, ainda não solitária, mas já meio velha, contemplava o céu de uma noite amarela e luar novo, nuvens lacrimosas e estrelas velhas. Um armazém à esquina delas, vendia coisas novas e velhas, reunia, no fim da tarde, pessoas novas e velhas com sorrisos de sem graça, de sem jeito, de fato, conversas amarelas. Talvez a velha já não percebesse mais o tom amarelado dos sorrisos e gestos, ou melhor, já não lhe interessava mais se eram novas ou velhas, as palavras delas, no fundo, só lhe importava as sensações encontradas em cada olhar. Foi assim que o Eu da moça viu uma moça-velha. por Tatiares